domingo, 27 de maio de 2007

crônicas de um homem só

a cidade grande... um cenário fabuloso... diria magnífico, mesmo tão cheia de defeitos, ainda consegue me fascinar... reluzentes fachos de luz vindos dos letreiros percorrem meu rosto. O fim da linha está próximo e, por mais uma noite vago pelas ruas... sem rumo, sem saber aonde ir. Apenas ando e deixo os espíritos urbanos me conduzirem para algum lugar, algum canto onde eu possa me encontrar ou onde possa simplesmente admirar a infinitude desse lugar e o vazio que insiste em me seguir.
Nem o frio dessa noite vai atrapalhar meus planos. Coloco a mão no bolso e tiro o penúltimo cigarro do maço, sei que fumar faz mal, mas eu vou morrer mesmo... você não fuma? parabéns vai morrer saudável! A cada tragada, aprecio a paisagem e então decido entrar num restaurante. Uma bela decoração, excelente disposição das mesas, rostos felizes e uma música ambiente convidativa... enfim, não pude resistir. o hostess me conduz a uma mesa vaga, peço uma dose de whisky e começo a me perguntar sobre o que essas pessoas celebram?
a felicidade? a vida? a infelicidade alheia? Não importa! queria ler mentes, sentir as sensações dos outros, nem que fosse por alguns momentos. Me sinto bem analisando os outros, já que uma auto-análise me deixaria louco comigo mesmo, não iria gostar da visão e certamente aprofundaria mais ainda a sensação de ser um estranho até pra mim. Tão complexo e tão normal. O whisky acaba e com ele minha noite, levanto-me, deixo o pagamento sobre a mesa, saio do restaurante e me mantenho andando, rumo ao nada ou aonde quer que a noite permita.

10 comentários:

Arthurius Maximus disse...

Texto bem escrito. Me vi no tempo das andanças pela madrugada nas sextas-feiras fechandop bar aqui, bar ali... Ô tempo bom....

Edson Bezerra disse...

A noite sempre é a melhor companheira nessas horas. Tem coisa melhor do que vagar sem rumo por aí, principalmente quando precisamos pensar na vida?
Belo texto.

Anônimo disse...

Texto excelente, parabéns!
E... Auto-análise me dá medo, hahaha!
Abraço!

Bel disse...

Oh Rly??
Brincadeira...
Parabéns pelo texto, e gostei do novo visual também!!

Pathy disse...

as vezes pensamos que encontramos nosso caminho, mas mesmo sem perceber um dia voltamos a vagar por ai sem rumo, e as vezes isso é tão bom.
"rumo ao nada ou aonde quer que a noite permita" adorei essa frase *-*

também já te linkei ;)

beijos

Anônimo disse...

Nunca tive vontade de ler a mente das pessoas pra poder entendê-las.
Já não tenho saco pra me analizar, imagina então como deve ser ficar analizando terceiros.
O que eu queria mesmo era poder manipular as vontades das pessoas. Ai,sim,eu ia ser cara feliz.
Ok, seria também um sociopata megalomaníaco,mas pelo menos não teria ninguém pra me julgar.
Abração!

young vapire luke lestat disse...

Seu desejo é idêntico ao meu.

Por quantas na noites vagamos, bebemos e buscamos apenas ler mentes. Mas, não qualquer mente.
Somente a daquela pessoa que transforma nossa metrópole em uma aldeia solitária e iluminada de néons e sorrisos distantes.

perfeito o texto .

abs: L.Sakssida

Anônimo disse...

Deixa eu te contar um segredo meu...As vezes eu saio de casa e pego um bus pra qualquer lugar, so pra organizar meus pensamentos. À noite, saio e sento em um lugar qualquer e ali eu fico ate onde eu puder...É bommmmmmm

Mas pra ser sincera não curto muito esses momentos sozinha.

Gostei do blog. Bjussss...

Anônimo disse...

Já está linkado! :)

Daniella Baroli disse...

Quase me vi lendo Augusto dos Anjos e outros boêmios... ótimo texto.

Confesso que as luzes da cidade também me fascinam, talvez seja uma das poucas coisas que me encantam desde a infância. Tinha o costume de ir pra sacada do prédio só pra ver as luzes da cidade e refletir sobre minha vida. Já não faço mais isso, embora tenha saudade daqueles momentos a sós comigo.

Bjs!